segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Músicas Onomatopédicas


Estamos vivendo uma era onde as novas gerações possuem acessos a tecnologias que a minha nem mesmo sonhava, mas me deparo diante de uma incógnita; seria a cultura atual mais rica do que as de outrora? Por ser cultura um campo vasto vamos nos ater apenas no campo musical, as vezes fico na dúvida se estou ficando velho e por isto não consigo alcançar as intenções de alguns compositores que conseguem fazer sucesso com letras que nomeio de músicas quase onomatopédicas, ou se realmente estas músicas não trazem mensagem que valha a pena fazer uma análise e buscam apenas o objetivo de produzir um meio para propor um entretenimento e ao mesmo tempo melhorar consideravelmente o saldo bancário dos envolvidos em músicas com letras como: Ei sei fazer um lê lê lê, Eu quero tchu eu quero tcha, É o tche tche rê rê tê tê, Bará bará bará berê berê berê.
Não sou favorável a censura, mas acredito que as escolas podem e devem fazer um trabalho que leve o aluno pensar a música como uma forma de cultura na melhor essência da palavra, devemos sim mostrar que a letra é tão importante quanto o ritmo, pois eram exatamente através das letras musicais que os artistas se manifestavam para lutar contra a ditadura, isto foi muito importante para que conseguíssemos a liberdade de expressão que temos, mas ainda me questiono se a ditadura acabou ou se ainda existe de forma velada, pois o que vejo são indústrias fonográficas determinando quem vai fazer sucesso, posso citar como exemplo as duplas sertaneja que cada ano somos surpreendidos por uma na ponta do sucesso, nada contra estas duplas até por que existem muitas duplas com letras inteligentes com verdadeiras poesias, mas precisava citá-las como exemplo para poder acrescentar que a indústria fonográfica utilizou de outra metodologia e resolveu apostar nos cantores solo; Gustavo Lima, Luan Santana, Michel Teló, etc, algumas duplas percebendo ou orientadas pelo sistema acabaram se dissolvendo e se lançaram solo também; bom mas em dupla ou em solo a referida indústria está investindo mesmo nas músicas onomatopédicas, então se quisermos fazer sucesso deveremos fazer composições repletas de tic tac, ou toc toc.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Diálogo e a Maturidade


Quando o diálogo e a maturidade se dão as mãos produzem como resultado o entendimento; até chegarmos ao tão sonhado entendimento passamos por percalços que podem abalar as estruturas se estas não estiverem bem alicerçadas e estes alicerces são construídos juntamente com a formação educacional de cada cidadão, em face a uma boa educação estaremos mais preparados a conduzir e nos deixar conduzir em um diálogo que beneficiará a relação e a esta forma de condução é o que chamo de maturidade, mas infelizmente atingir a idade adulta não é sinônimo de ser maduro. O adulto mal alicerçado acaba deturpando muitas vezes o processo de entendimento pois no meio do caminho tenta induzir o interlocutor a concordar com suas colocações, mas até mesmo isto faz parte de um crescimento que ocorre quando, sem hipocrisia, aceita-se os seus erros pois é desta forma que se acerta. Você já buscou o diálogo com o seu desafeto? O diálogo trouxe um entendimento? Por que? Estas questões podem ajudá-lo a conviver melhor com o outro e também com o seu eu. Pense nisto.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Medo de ser Homem

Muitos adolescentes compadecem deste medo e acabam se utilizando do artifício de tentar ser o mais engraçado da turma, as vezes conseguem e as vezes acabam se tornando “o bobo da corte”, o que em muitos casos serve como apropriação dos mais espertos para transformá-los em chacotas; assim acaba surgindo o que chamo de bullying consensual proposto pelo subconsciente, claro que este tipo de bullying também deve ser rechaçado ao mesmo tempo em que deve-se fazer um trabalho psicopedagógico com os alunos, vítimas de sua própria covardia e das ações daqueles que arraigados de uma perversidade que até poderemos chamar de infantil se aproveitou da fraqueza alheia, em relação aos praticantes destes atos há de se fazer um trabalho em que culmine com a percepção do mal causado, não só a quem diretamente tenha sido vítima mas também à família da mesma, pois nenhum pai quer ver seu filho achacado e quando este percebe que a situação se deu por falta de ou por atitudes que corroboram para o evento, acaba se sentindo fracassado e impotente pois geralmente está tão comovido com a situação que não sabe como agir e na maioria das vezes utiliza expressões ofensivas diante da teimosia natural de adolescente. Ao se fazer um trabalho voltado para este tipo de realidade é fácil perceber que as vítimas em sua grande maioria são adolescentes dotados de uma inteligência invejável ao passo que os provocadores do ato nem sempre possuem discernimento entre os seus atos e as consequências destes.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O Álibi

Tive a honra de ter este texto publicado no livro Voz do Professor em 2005, uma produção UFES ne@ad/cre@ad

Ana Alice era uma professora que quase sempre esquecia de fazer a chamada, um dia comentou com sua colega:
_ Esqueci de fazer a chamada do 3º A.
_ Deixa de ser boba, coloque presença para todos e pronto.
_ É isto mesmo que vou fazer.
Isto acabou tornando uma praxe na vida de Ana Alice. Nesta turma havia um adolescente de índole nada confiável, Paulo, que nutria um certo rancor pelo filho da professora, o Luís, que também estudava na escola, aliás na mesma turma. O motivo do desafeto era Cristina, com quem Luís mantinha um namoro e que outrora fora namorada de Paulo. Um dia Paulo e Luís faltaram as aulas e durante este período Ana Alice recebeu a visita de um policial com a triste notícia do assassinato de seu filho, Luís. O principal suspeito, Paulo, com quem, inclusive, a polícia encontrara a arma do crime, uma faca suja de sangue; foi a julgamento e tudo pesava a favor de sua condenação quando o advogado de defesa proferiu as seguintes palavras:
_ Meritíssimo, Senhores jurados, gostaria de fazer umas perguntas ao diretor daquela instituição de ensino.
O juiz concedeu.
_ Srº João, o senhor como diretor daquela escola pode me dizer o que é isto que está em minhas mãos?
Disse isto mostrando um diário de classe e assim respondeu o diretor.
_ Só mais uma pergunta, de quem é este diário?
_ Da professora Ana Alice, mas onde o senhor quer chegar...
_ Meritíssimo gostaria de dispensar o Sr João, muito obrigado Sr João, e gostaria que dona Ana Alice se aproximasse para analisar o diário.
_ Protesto meritíssimo, retrucou o promotor de justiça.
_ Só quero esclarecer os fatos meritíssimo.
_ Protesto recusado, ditou o juiz. Prossiga.
_ Dona Ana Alice de quem é este diário?
_ Qual a relação disto com a morte do meu filho? Perguntou em prantos.
_ Dona Ana por favor responda a pergunta do advogado, por favor doutor repita; espero que tenha fundamento toda esta situação criada - Disse em tom ameaçador o juiz.
_ Dona Ana Alice de quem é este diário?
_ É meu - respondeu a professora.
_ Senhores jurados, não preciso de mais perguntas, pois todos aqui sabem muito bem que o diário de classe é onde estão pautadas a vida do aluno, vamos dar uma olhada no dia 08/11/2004.
_ Peço aos senhores para darem uma olhada no número 23, digam-me, refere-se ao nome Paulo Antunes dos Reis?
Os jurados confirmaram balançando a cabeça positivamente.
_ Peço uma última coisa aos senhores, o número 23, ou seja, Paulo Antunes dos Reis está com presença neste dia?
Novamente os jurados confirmaram.
_ Então senhores, não resta dúvida que meu cliente é inocente pois consta nos autos que a vítima foi assassinada às sete e trinta da manhã do dia 08/11/2004 e como os senhores disseram, o meu cliente estava neste horário, aliás das sete as nove, uma que vez dona Ana Alice lecionou duas aulas seguidas, portanto peço que Paulo, que já foi inocentado por dona Ana ao confirmar ser a professora responsável pelo diário, seja também inocentado por vocês.
Depois de muito se discutir o juiz deu o veredicto.
O jovem Paulo Antunes dos Reis foi inocentado com unanimidade dos votos. Um ano depois a professora Ana Alice viajava pelo estado dando palestra sobre a importância de se fazer chamada.