quinta-feira, 30 de abril de 2020

Abraços Guardados


Há gerações que cresceram acostumadas com o contato físico afetuoso; que dançavam juntos e até de rosto colado, bons tempos; a atual geração está adaptada a uma vida no mundo virtual, mas todas as gerações gostam de um aperto de mão, de um abraço, de um beijo... pois estes prazeres nos são apresentados desde do nosso nascimento. Quando garoto, ouvia de vez em quando que alguma conhecida da família estava em quarentena; era um momento de confraternização e de muita alegria, as pessoas visitavam a família, sobretudo o bebê e a mulher que acabara de dar a luz e, naquele momento, os avós eram as personagens de participação fundamental; atualmente a quarentena não nos traz os mesmos sinônimos, os avós desta vez não podem embalar os bebês, não podem confraternizar com as visitas; os netos deixaram de ser um presente para se tornar uma ameaça.
Uma parte da população, agora vivendo em um isolamento, está se adaptando a uma vida virtual, independente da geração; outra parte, aquela que não possui acesso a este tipo de “vida” está tendo que recriar um ambiente familiar que torne menos penoso o afastamento social.
Algumas palavras tem sido ditas repetidamente nos veículos de comunicação, “pandemia, epicentro, fique em casa...”; sem dúvidas estamos todos envolvidos em um clima muito diferente da quarentena do meu tempo de garoto; quando tudo isso passar muito provavelmente o mundo não será mesmo, pode ser que sejam criados epicentro do abraço, epicentro do carinho, epicentro do afeto… e aí a mensagem talvez seja; não fique em casa, saia e abrace.
Seria muito bom poder dizer que amanhã as pessoas poderão se reunir nas praças, nos clubes, em suas casas para darem os abraços que estão guardados; por mais triste que seja seria bom pra muita gente até mesmo ouvir que podem fazer o funeral das pessoas que lhes são próximas, mas diferente da quarentena do meu tempo de menino que tinha data de início e fim, estamos lidando com incertezas, pois mesmo quando tivermos a notícia que estamos livres; como iremos agir? Será que este distanciamento ira nos aproximar ou será que teremos medo de nos manifestar afetuosamente? Será que aprenderemos que o maior estoque que temos que fazer em momentos como este é o de humanidade? E como as pessoas irão reconstruir suas vidas? São questões subjetivas para as quais só teremos respostas quando pudermos viver a concretude do final deste período.
Independente da geração todos já aprendemos que qualquer que seja a classe social, a etnia, o sexo, a idade…. Estamos expostos aos mesmos efeitos e necessitamos utilizar os meios disponíveis para que o período seja vencido sem maiores prejuízos, no que diz respeito ao estado psicológico de cada um, pois se no início disto tudo algumas pessoas eram ilhas hoje somos um arquipélago.
Talvez aprendamos que não requer contato físico o ato de estender aos mãos; que o mundo está em uma olimpíada onde a regra principal é o isolamento onde cada um de nós é um juiz e ao final o pódio terá que ser do tamanho do mundo pois todos queremos estar lá, todos estaremos lá e como prêmio todos poderão dar para o outro o que está guardado todo este tempo; abraços, abraços e abraços.

terça-feira, 21 de abril de 2020

M de mãe, M de mulher


Mães, mãe menina, mãe madura, mãe madame, mãe mendiga, mães, mães mulheres mulheres mães, minha mãe Maria, mulher magnífica, misericordiosa, minha mulher Maria, mãe mandona, marrenta mas manhosa, meiga, minhas maninhas, mulheres molecas, malandrinhas…. maluquinhas mesmo. Muitas mulheres muitas mães, merecem muitos marços, muitos maios… merecem muito mais meses. Mãe, maínha, mamis, mama, mother, muitas maneira, mencionaria muito mais, minha mestra, majestade, mulher maravilha. Misóginos machucam mulheres, maltratam mães…. monstros miseráveis... muitas mães, muitas mulheres, mostram-se mártires... mães municipais, mães mundiais, muitas mereceriam moedas marcadas mencionando, mães mulheres mil, mil? Mixaria, migalha, melhor milhões. Mãe, mulher, missão melindrosa, mas maravilhosa, missão mágica, mantém modéstia, mantém maestria, mesmo mediante moléstia, maledicência, mostram-se muito mais metódicas meramente mensurando momentos, mas manifestando-se moderadamente. Mães morrem, minha mãe morreu, mas minha mente mantém momentos marcantes, minha memória minha muleta; meu mandamento, mantenham melhores momentos, momentos memoráveis, mães merecem. Mentalizemos, mães, madrastas, mulheres, maridos, mancebos, meninos, meninas, mãos mutuamente mobilizadas marchando, manifestando-se, mães, mulheres, mundo maiúsculo, mundo melhor; mulheres maíuscula, mães maiúscula, mundo melhor. Manifestação milagrosa. Mães, mulheres, merecem mesmo muitas manifestações, mantém mistérios, mistérios mirabolantes, modificando-se minunciosamente… menina, moçoila, mulher, mãe, magnífica metamorfose. Mães, metaforicamente minhas melodias, minhas músicas, meu mundo... minhas mães.