O mundo está vivendo um momento muito delicado, todos sabemos; mas
vamos pensar que estamos vivendo em meio a uma olimpíada, onde a
regra principal é ficar em casa ou sair com todos os cuidados, mas
nesta olimpíada não terá prêmio para o 3º lugar, não terá
prêmio para o 2º lugar, pois todos iremos romper a fita imaginária
do isolamento juntos, o mundo será nosso pódio, seremos todos
campeões, sei que tivemos muitas perdas, mas é exatamente para
honrar estas perdas que devemos continuar firmes e demonstrar que
nada disto foi em vão. Tem uma coisa que é necessário guardar
neste momento, façam estoques de abraços, guardem todos os seus
abraços, os meus estão guardados, sei que no dia 22 de maio não
será possível, mas quando tudo isso acabar, vou dar todos os meus
abraços, mas vou querer receber muitos também; e agora,
parafraseando Chico Buarque, “Agora eu era o rei, era o bedel e era
também juiz, e pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz”.
segunda-feira, 4 de maio de 2020
quinta-feira, 30 de abril de 2020
Abraços Guardados
Há gerações que cresceram acostumadas com o contato físico
afetuoso; que dançavam juntos e até de rosto colado, bons tempos; a
atual geração está adaptada a uma vida no mundo virtual, mas todas
as gerações gostam de um aperto de mão, de um abraço, de um
beijo... pois estes prazeres nos são apresentados desde do nosso
nascimento. Quando garoto, ouvia de vez em quando que alguma
conhecida da família estava em quarentena; era um momento de
confraternização e de muita alegria, as pessoas visitavam a
família, sobretudo o bebê e a mulher que acabara de dar a luz e,
naquele momento, os avós eram as personagens de participação
fundamental; atualmente a quarentena não nos traz os mesmos
sinônimos, os avós desta vez não podem embalar os bebês, não
podem confraternizar com as visitas; os netos deixaram de ser um
presente para se tornar uma ameaça.
Uma
parte da população, agora vivendo em um isolamento, está se
adaptando a uma vida virtual, independente da geração; outra parte,
aquela que não possui acesso a este tipo de “vida” está tendo
que recriar um ambiente familiar que torne menos penoso o afastamento
social.
Algumas
palavras tem sido ditas repetidamente nos veículos de comunicação,
“pandemia, epicentro, fique em casa...”; sem dúvidas estamos
todos envolvidos em um clima muito diferente da quarentena do meu
tempo de garoto; quando tudo isso passar muito provavelmente o mundo
não será mesmo, pode ser que sejam criados epicentro do abraço,
epicentro do carinho, epicentro do afeto… e aí a mensagem talvez
seja; não fique em casa, saia e abrace.
Seria
muito bom poder dizer que amanhã as pessoas poderão se reunir nas
praças, nos clubes, em suas casas para darem os abraços que estão
guardados; por mais triste que seja seria bom pra muita gente até
mesmo ouvir que podem fazer o funeral das pessoas que lhes são
próximas, mas diferente da quarentena do meu tempo de menino que
tinha data de início e fim, estamos lidando com incertezas, pois
mesmo quando tivermos a notícia que estamos livres; como iremos
agir? Será que este distanciamento ira nos aproximar ou será que
teremos medo de nos manifestar afetuosamente? Será que aprenderemos
que o maior estoque que temos que fazer em momentos como este é o de
humanidade? E como as pessoas irão reconstruir suas vidas? São
questões subjetivas para as quais só teremos respostas quando
pudermos viver a concretude do final deste período.
Independente
da geração todos já aprendemos que qualquer que seja a classe
social, a etnia, o sexo, a idade…. Estamos expostos aos mesmos
efeitos e necessitamos utilizar os meios disponíveis para que o
período seja vencido sem maiores prejuízos, no que diz respeito ao
estado psicológico de cada um, pois se no início disto tudo algumas
pessoas eram ilhas hoje somos um arquipélago.
Talvez
aprendamos que não requer contato físico o ato de estender aos
mãos; que o mundo está em uma olimpíada onde a regra principal é
o isolamento onde cada um de nós é um juiz e ao final o pódio terá
que ser do tamanho do mundo pois todos queremos estar lá, todos
estaremos lá e como prêmio todos poderão dar para o outro o que
está guardado todo este tempo; abraços, abraços e abraços.
terça-feira, 21 de abril de 2020
M de mãe, M de mulher
Mães, mãe menina, mãe madura, mãe madame, mãe mendiga, mães,
mães mulheres mulheres mães, minha mãe Maria, mulher magnífica,
misericordiosa, minha mulher Maria, mãe mandona, marrenta mas
manhosa, meiga, minhas maninhas, mulheres molecas, malandrinhas…. maluquinhas mesmo.
Muitas mulheres muitas mães, merecem muitos marços, muitos maios… merecem
muito mais meses. Mãe, maínha, mamis, mama, mother, muitas maneira, mencionaria muito mais, minha mestra, majestade, mulher maravilha. Misóginos machucam mulheres, maltratam mães…. monstros miseráveis... muitas mães, muitas mulheres, mostram-se mártires... mães municipais, mães mundiais, muitas mereceriam moedas
marcadas mencionando, mães mulheres mil, mil? Mixaria, migalha,
melhor milhões. Mãe, mulher, missão melindrosa, mas maravilhosa, missão mágica, mantém modéstia,
mantém maestria, mesmo mediante moléstia, maledicência, mostram-se
muito mais metódicas meramente mensurando momentos, mas
manifestando-se moderadamente. Mães morrem, minha mãe morreu, mas
minha mente mantém momentos marcantes, minha memória minha muleta;
meu mandamento, mantenham melhores momentos, momentos memoráveis,
mães merecem. Mentalizemos, mães, madrastas, mulheres, maridos,
mancebos, meninos, meninas, mãos mutuamente mobilizadas marchando,
manifestando-se, mães, mulheres, mundo maiúsculo, mundo melhor; mulheres maíuscula, mães maiúscula, mundo melhor.
Manifestação milagrosa. Mães, mulheres, merecem mesmo muitas
manifestações, mantém mistérios, mistérios mirabolantes,
modificando-se minunciosamente… menina, moçoila, mulher, mãe,
magnífica metamorfose. Mães, metaforicamente minhas melodias, minhas músicas, meu mundo... minhas
mães.
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